30.1.13

I do


Não sou do medo, mas sou da objetividade.
Não sou do pessimismo, da precipitação, do nervosismo e da impaciência à flor da pele. Muito pelo contrário. Tenho, na maioria dos casos e reconhecido por muitos dos que me conhecem, um perfil quase militar.
Pessoal e profissionalmente, o caminho traçado no ano passado foi um caminho arrojado, de riscos, de apostas em cavalos bons mas que não eram favas contadas. Não me arrependo de nada. Faria tudo igual, se necessário fosse. Mas os resultados não foram os desejados e o contexto que os provocou, este ano, ainda é menos promissor. Projetos, ideias, inicitivas, força, paixão, gana e competências não me faltam. Aquilo que me falta é o essencial para colocar o que quer que seja em marcha de forma totalmente autónoma. Basicamente, aquilo com que se compram os tremoços.  
Não sei, ainda, o que o futuro próximo me reserva, mas sei, porque a Vida claramente mo disse na segunda feira, que ainda há tempo para esperar. Provavelmente coisas muito boas, muito desejadas e muito promissoras à minha espera por estas paragens. E se na verdade nada mudou de muito substancial na minha realidade presente, hoje, depois da poeira do começo da semana acalmar, sei que é ainda na minha imensa capacidade de espera e na minha infinita fé que me tenho de apoiar. E é o que farei. Até a Vida escolher de entre as três portas - ou três janelas de oportunidade, como se diz por estes dias - que abri desde o inicio do ano, aquela por onde hei-de voar. Até lá, como sempre digo, entrego e confio. 

E o dia começa com um clássico



Que de-lí-ci-a!

28.1.13

Refúgio


Era inevitável procurar numa longa caminhada um momento de diálogo com a Vida. Saímos, como sempre andamos, de mão dada. Mesmo quando fala num léxico que não compreendo ou usa e abusa de estranhas parábolas, eu e Ela temos a benção de um amor incondicional e cúmplice. Saímos. Impunham-se senão as respostas que necessitava, pelo menos sinais possíveis para a tomada de duas ou três decisões estratégicas. Tempos de espera razoáveis. O peneirar das reais oportunidades na fina rede das opções. Ela sabe que não desisto dos sonhos mas sabe também, e bem, o quanto sou pragmática. Impunha-se uma conversa séria e prática sem complicadas equações.

Decido percorrer a pé o caminho entre Belém e o Chiado. As pessoas com quem me cruzo, seja a caminhar, a correr, a andar de bicicleta ou sentadas pelos bancos frente ao Tejo, não são todas profissionais liberais bafejadas com a sorte de não ter horários rígidos, a aproveitar o dia para apanhar sol. Estão como eu e são às dezenas, a maioria, como eu, na casa dos quarenta. E para onde caminhamos nós, pergunto-me?...

Vamos lá, falemos do medo. É medo o que tens, rapariga?... Não, concluo. O que está em cima da mesa não é medo de partir, de estar a milhares de quilómetros de distância. Não é medo do desconhecido, nem da mudança. Esse, se alguma vez o tive, a experiência de vida recente apagou a memória de como era. O que me prende nada tem a ver com o medo, essa é uma certeza. O que me prende é a falta de pele, do calor, do toque, do abraço, do beijo, do anda cá com que se coloca quem é a nossa Luz debaixo da asa, quando um problema atormenta. O que me prende é ter de equacionar só ter e proporcionar isso, na melhor das hipóteses, duas vezes por ano. 

Penso no skype e num avião que se apanha numa emergência. Penso no melhor que a mudança nos pode trazer, penso no tempo que passa depressa, penso nas férias. Mas entretanto, penso também que não é justo. Que não é justo ter tanto para dar, tanto para fazer e ter de partir para o conseguir. Que não é justo ter que estar neste ponto, nesta altura da vida, quando se fez e faz tudo para não estar. Mas o que é afinal justo, pergunto eu?... É justo um pai ver um filho sofrer com uma doença implacável e morrer? É justo um acidente parvo na estrada ceifar a vida de alguém que amemos? E quantos desses há, a esta hora, que dariam tudo para trocar de injustiça contigo?... O que é isso da justiça, que medida lhe damos, nos casos extremos? Como fazemos contas à vida?... Talvez nada disto tenha afinal a ver com justiça ou falta dela, mas com as circunstâncias que temos de enfrentar e às quais nos adaptamos ou não. Se contra factos não há argumentos e tu não pertences ao grupo dos que se focam nos problemas, tens então de olhar a besta de frente. Pegá-la pelos cornos, seja lá o que for que se siga, parece ser a única solução.

Entre os comentários ao post anterior que vou lendo no telemovel, a pertinente questão sobre quem nos disse que a vida era fácil. A mim, ninguém, respondo eu em pensamento. De onde venho sempre se teve que lutar por aquilo que se conquistou e, mesmo sendo filha única, nunca fui habituada a que o bem-estar caísse do céu. A mesma educação dei e dou à minha filha. Mas lutar, resistir e acreditar, cada vez menos se revela suficiente para assegurar sequer o básico. Isso é o mais preocupante. E se o futuro a Deus pertence o Presente somos nós quem o decide. 

E é isso, Vida... diz-me lá tu, dá-me pistas, o que decido eu?...

E como se de alguma prova necessitasse para acreditar que esta Vida com que dialogo, mesmo quando está caladinha que nem um rato, é feita de amor e está sempre atenta, eis que mal acabava a primeira etapa da caminhada e chegava ao Chiado, a magia, de que outro comentário falava e me desejava de dedos cruzados, aconteceu. Um e-mail que inesperadamente chegava ao meu telemóvel trazia a resposta que hoje, precisamente hoje, mais precisava... E tão clara foi a forma que ignorá-la seria uma ofensa a tudo aquilo em que acredito de coração.  

Entretanto, enquanto falava demoradamente ao telefone com um querido amigo, era nesta frase que os meus olhos pousavam. E é verdade. Mas é em ti, querida Vida, que a minha alma se abriga e acalma nas piores horas. Obrigada. 



[da playlist que me acompanhou, esta é a banda sonora deste post]

Angústia

Há dias - ou noites - em que parece ficar mais clara a necessidade de tomar decisões mais drásticas e mais profundas em relação ao futuro. Não costumo fugir da realidade, por mais dura que seja. Antes a crueza de uma verdade do que a ilusão de uma mentira, é o que defendo na minha vida. Mas sei que neste caso ando a resistir e a encontrar razões para contornar as evidências, a chutar para canto, a varrer para debaixo do tapete... ou não. Talvez me esteja a permitir ter a certeza que esgotei todos os cartuchos, que não desisti quando ainda havia a mais ínfima hipótese por tentar, que não me rendi sem antes lutar tudo. Não sei. Não sei e é esse o problema. Ao que a cabeça diz sim o coração diz não. Outras vezes, o contrário. Andam outra vez de costas voltadas e eu começo a sentir-me impotente para os reconciliar. De um golpe de magia andamos todos à espera, a todo o instante. E eu, que acredito que a vida premeia os audazes, vou tentando seguir o guião que tracei com determinação e fé para estes 365 dias do ano. Mas há dias - noites - em que algumas conversas que de algum modo adiávamos trazem à tona a evidência do que temos. Uma mão cheia de nada e outra cheia de sonhos. E um cenário onde todas as luzes estão apagadas e parece estar para durar o correr do pano... Há que perceber onde acaba a fé e o sonho e começa a utopia. Onde termina a resiliência e inicia a negação e a teimosia. Tenho de ser rápida. Mas isso eu já sabia quando começou o ano.  

24.1.13

A todos os que comentam

Durante muito tempo não tive disponível a opção de comentários anónimos. Não fruto de alguma má experiência - já o disse reiteradamente por aqui, nunca tive nenhuma experiência desagradável em mais de seis anos de blogosfera - mas apenas porque considerava que quem comenta se deve identificar, nem que fosse por cortesia. Percebi depois, com o tempo, que há muitos comentadores que não têm blogue e que ainda assim gostam de passar e deixar o seu registo. Por tudo isso, há algum tempo "abri as portas" ao anonimato. O que esqueci, ou ignorava até recentemente começar a ser invadida na minha caixa de e-mail, foi que assim abria também as portas ao querido SPAM... e de há uns tempos para cá tenho sido assediada até à nausea com viagra, tramadol e outras coisas úteis do género... e não há paciência. E incomoda. E obriga-me a mudar de ideias, a bem da minha sanidade mental!

Sendo assim, a todos os que passam e não têm perfil disponível para comentar, peço desculpa e agradeço a compreensão. A partir de hoje os comentários anónimos voltam a deixar de estar acessíveis. Para todas as partilhas e comentários que queiram fazer como "anónimos", fica o e-mail à disposição.

Gracias!

Colares, a Serra e eu










Durante treze anos trabalhei em Sintra. Três deles ao lado de Colares, em Almoçageme.
Mesmo antes de trabalhar em Sintra muitas vezes percorria estes caminhos. Uma serra tão perto da cidade é sempre um privilégio a não perder de vista. Além disso, esta serra tem um incontornável e especial encanto.
Hoje, em dia de visita e reencontro, foi bom poder percorrer caminhos que a alma sabe de cor. Saborear o tempo, a neblina que embrulhava a serra, as hortas, os pomares, os campos. E a luxúria verde de aveludados e encharcados recantos. 

23.1.13

Ainda a neve... ainda a neve... ❅






❅         ❅                        
   ❅                                                             
         ❅           
                                                 ... suspiro!            

                   

Ainda a neve






E as saudades que tenho disto!

Neve



Nunca gostei de ski. Toda aquela parafernália que se distribui entre mãos e pés foi sempre para mim uma coisa contra-natura. Sempre me disseram que era fácil, até porque gosto e sei andar de patins, logo, coisa de manter o equilíbrio, não me é particularmente difícil... Pois sim! Vão. Vão lá... não esperem por mim.
Para brincar na neve e tirar bom partido dela não preciso de extensões. Basta um belo equipamento contra o frio, um tobogã a preceito e neve fofa para dar largas à imaginação. Foi assim que sempre me diverti. E muito!

21.1.13

De regresso aos álbuns










Revisito serenos outonos que o papel guarda. 
Na Serra da Estrela, entre 2002 e 2003.

Volto sempre aos lugares onde fui feliz





Por isso este fim de semana voltei a elas. Desta vez, nada de chocolate. Só passas e avelãs e amêndoas torradas. Finalmente com a temperatura do forno adequada, desta vez saíram mais do que perfeitas, modéstia à parte. A Ana sugere bolinhas do tamanho de colheres de chá. Eu, como sou uma exageradona, uso uma colher de sopa para as fazer.

Confesso, acho que esta receita de tão fácil e saborosa me vai acompanhar para a vida. Aproveitando a base é possível criar e recriar um mundo de opções e sabores. Gosto disso :)

there´s nothing but blue sky



A chuva ainda não foi. Aliás, parece que está para durar. 
Normal, diria eu. Desejável, até, a bem do equilíbrio da natureza da qual estranhamente insistimos em esquecer fazer parte. Que chova! É tempo dela!

A clarividência de que a vida é uma benção não depende do sol, mas da nossa persistência na vontade de que nos aqueça e ilumine, mesmo através das nuvens. É com a chuva que elas, as nuvens, se dissipam. Ou dentro de nós, sempre que afastamos a cortina dos receios e deixamos entrar o sol.

... e uma boa música, ajuda sempre 


Bom dia e boa semana a todos!